O GÊNERO POEMA: UM ESTUDO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA

Resumo

Este artigo, vinculado ao Projeto de Pesquisa “Análise Linguística Contextualizada às Práticas de Leitura e de Produção Textual” (UEL), busca lançar uma proposta de abordagem do gênero discursivo poema, em termos de domínio científico, à luz de conceitos bakhtinianos, envolvendo a visão de signo ideológico, comunicação estética, gênero discursivo e de suas dimensões: o conteúdo temático – objeto de sentido, avaliativamente construído; a construção composicional – elementos de estrutura e significação; e o estilo – manifestação de recursos linguístico-expressivos de relativa estabilidade do gênero, dentre outras, mobilizadas pelo enunciador (as marcas linguístico-enunciativas). Entende que todas as características encontram-se indissociavelmente ligadas ao contexto de produção. Contexto este que estabiliza o uso do gênero e o mantém enquanto for necessário coletivamente, ou seja, a sociedade e o discurso organizam-se por meio de gêneros discursivos que, em última instância, são a concretização do vivido, possível de ser materializado. Mais especificamente, o trabalho analisa, nos aspectos mencionados, o poema “O menino que carregava água na peneira” de Manoel de Barros, em que o autor-criador traz para o poema um universo muito particular que marca a obra literária: a infância, em uma espécie de artesanato com a palavra-imagem. O poeta sente o universo infantil pulsar em suas entranhas e o representa. Nesse sentido, o estudo discute, no domínio pedagógico, a veiculação do gênero discursivo em foco. Avalia, em decorrência, o adentramento do poema na esfera escolar – sobretudo via livro didático. Por fim, aponta a possibilidade de uma nova postura no tocante ao processo de ensino-aprendizagem do gênero.