CORPO E ENVELHECIMENTO: DIFERENÇAS DE GÊNERO NA CULTURA BRASILEIRA

Autores

  • Mirian Goldenberg

DOI:

https://doi.org/10.17648/educare.v9i17.9240

Resumo

Ao analisar o discurso e o comportamento de homens e de mulheres, elaborei uma ideia que venho aprofundando em minhas pesquisas: no Brasil, o corpo é um verdadeiro capital. Determinado modelo de corpo, na cultura brasileira contemporânea, é uma riqueza, talvez a mais desejada pelos indivíduos das camadas médias e também das camadas mais pobres, que percebem seu corpo como um importante veículo de ascensão social e, também, um importante capital no mercado de trabalho, no mercado de casamento e no mercado sexual.

Além de um capital físico, o corpo é, também, um capital simbólico, um capital econômico e um capital social. No entanto, é preciso ressaltar que o corpo capital não é um corpo qualquer. É um corpo que deve ser jovem, magro e em boa forma. Um corpo conquistado por meio de um enorme investimento financeiro, muito trabalho e uma boa dose de sacrifício.

            No Brasil, o corpo trabalhado, cuidado, sem marcas indesejáveis (rugas, estrias, celulites, manchas) e sem excessos (gordura, flacidez) é o único que, mesmo sem roupas, está decentemente vestido. Pode-se pensar que, além do corpo ser muito mais importante do que a roupa, ele é a verdadeira roupa: é o corpo que deve ser exibido, moldado, manipulado, trabalhado, costurado, enfeitado, escolhido, construído, produzido, imitado. É o corpo que entra e sai da moda. A roupa, neste caso, é apenas um acessório para a valorização e exposição deste corpo capital.

        Pode-se dizer que ter o corpo, com tudo o que ele simboliza, promove nos brasileiros uma conformidade a um estilo de vida e a um conjunto de normas de conduta, recompensada pela gratificação de pertencer a um grupo de valor superior. O corpo capital surge como um símbolo que consagra e torna visíveis as extremas diferenças entre os grupos sociais no Brasil.

Downloads

Publicado

20-01-2014

Como Citar

GOLDENBERG, M. CORPO E ENVELHECIMENTO: DIFERENÇAS DE GÊNERO NA CULTURA BRASILEIRA. Educere et Educare, [S. l.], v. 9, n. 17, p. 231–242, 2014. DOI: 10.17648/educare.v9i17.9240. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/view/9240. Acesso em: 29 mar. 2024.