Reflexões sobre o trabalho docente: o mal estar da performatividade na sociedade do cansaço

Autores

  • Márcio Issler Graduado em Pedagogia – Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Mestrando em Educação - PPGE - UNIOESTE – Campus de Cascavel – PR Bolsista CAPES/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA.
  • Ieda Maria Kleinert Casagrande Doutora em Educação - UFSM. Bolsista PNPD/CAPES - Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste. Campus de Cascavel – PR
  • Katiucia de Oliveira Peres Graduada em Psicologia (UNIJUI). Mestranda em Educação – PPGE – UNIOESTE.
  • Adrian Alvarez Estrada Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo - USP; Docente do Colegiado do Curso de Pedagogia e do Mestrado em Educação da UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Cascavel - PR.
  • José Carlos dos Santos Doutor em História. Docente da Graduação e Pós-Graduação Stricto e Lato Sensu da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

DOI:

https://doi.org/10.48075/rtm.v11i21.18303
Agências de fomento
CAPES, FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA

Palavras-chave:

Sociedade do Cansaço. Produtividade. Desempenho. Trabalho docente.

Resumo

O dia a dia dos profissionais da educação que atuam na docência é constantemente marcado por uma demasiada carga de trabalho, pautada no esforço, pressão externa e na velocidade com que realizam suas funções. Tal fato tem gerado prejuízos à saúde física e mental dos professores, transformando seu trabalho em sofrimento. A intenção do estudo é apresentar algumas reflexões desenvolvidas pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, a partir do conceito de Sociedade do Cansaço e sua relação com os estudos de Stephen Ball sobre performatividade. Considerando que o excesso de trabalho e a ausência de alteridade têm produzido um fluxo histérico de produção e grande inversão de valores, resultando uma sensação de cansaço no mundo contemporâneo, compreende-se que o modo de produção em que vivemos, para além de explorar a força de trabalho, alavanca o desenvolvimento de doenças e da depressão. O intuito do artigo não é, especificamente, apresentar o significado da depressão e seus sintomas, mas considerar o tipo de sociedade em que vivemos, que se baseia na crença do “sim” e de que tudo é possível. Vivemos numa sociedade que busca incessantemente a qualidade, a performatividade e a excelência da atuação do profissional docente. Tais fatos levam o sujeito a uma falsa liberdade. Ao se compreender como ser livre, senhor das próprias ações e decisões, na verdade, se encontra imerso a uma auto exploração para chegar à qualidade e a performatividade esperada. O movimento de exploração gera uma liberdade paradoxal, que acaba se manifestando patologicamente nos adoecimentos psíquicos do professor.

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Publicado

28-12-2017

Como Citar

ISSLER, M.; KLEINERT CASAGRANDE, I. M.; DE OLIVEIRA PERES, K.; ALVAREZ ESTRADA, A.; DOS SANTOS, J. C. Reflexões sobre o trabalho docente: o mal estar da performatividade na sociedade do cansaço. Temas & Matizes, [S. l.], v. 11, n. 21, p. 85–95, 2017. DOI: 10.48075/rtm.v11i21.18303. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/view/18303. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Rumos da Educação Brasileira: A formação de professores em Discussão