A política do movimento escola sem partido e seus impactos nos conteúdos de ciências e biologia na Educação Básica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33238/ReBECEM.2019.v.3.n.3.23389
Agências de fomento

Resumo

Resumo: O presente artigo analisa teoricamente os impactos do programa Escola Sem Partido (ESP) nos conteúdos das disciplinas de Ciências e Biologia na Educação Básica. Parte de uma pesquisa documental dos sites do movimento, das bases contidas em Projetos de Lei (PL) em tramitação e da revisão de literatura para se diagnosticar, primeiramente, a sua origem, e, em seguida, os impactos pra o Ensino de Ciências e Biologia. São apontados alguns conteúdos do Ensino Fundamental e Médio que sofrerão restrições com as proposições do ESP, em destaque: Origem da Vida e do Universo, Darwinismo, Ecologia e Educação Ambiental, Corpo, Sexualidade, Gênero, Diversidade Cultural, Etnia e Raça, Tecnologias de Vacinação, Prevenção e Tratamentos de Saúde. O ESP visa um Ensino de Ciências e Biologia acrítico, baseado apenas na transmissão de conteúdos e sem o favorecimento de debates plurais com professores/as e alunos/as. Por essa lógica, torna-se um perigo à liberdade nas escolas e ao conhecimento científico crítico e engajado.

Palavras-chave: Ensino Fundamental e Médio; Ensino de Ciências e Biologia; Políticas Educacionais.

 

The politics of the unpolitical school and its impacts on the contents of science and biology in basic education’s

Abstract: This article aims to analyze the impacts of the Unpolitical School Program (ESP) on the contents of Science and Biology subjects in basic education’s. It starts with a documental analysis of the movement's websites, the bases contained in Law Projects (PL) in progress and the literature review to diagnose, first, their origin, and then, the impacts for the Science and Biology Education. Some contents of Elementary and High School are pointed out that restrictions with the proposals of ESP, in highlight: Origin of Life and the Universe, Darwinism, Ecology and Environmental Education, Body, Sexuality, Gender, Cultural Diversity, Ethnicity and Race, Vaccination Technologies, Prevention and Health treatments. ESP aims at teaching uncritical Sciences and Biology, based only on the transmission of content and without the favoring of plural debates with teachers and students. By this logic, it becomes a danger to freedom in schools and to critical and engaged scientific knowledge.

Keywords: Elementary and High School; Unpolitical School; Science and Biology Education; Educational Politics.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marina Silveira Bonacazata Santos, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Licenciada em Ciências Biológicas

Bacharel em Ciências Biológicas

Fabiana Aparecida de Carvalho, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

LICENCIADA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (UNESP); MESTRE EM EDUCAÇÃO (UNICAMP); DOUTORA EM EDUCAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A MATEMÁTICA (UEM)

Referências

ALTMANN, H. Orientação sexual nos parâmetros curriculares nacionais. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 575-585, 2001.

ANUNCIATTO, P. Menor do que parece: Escola sem Partido. Revista Nova Escola, São Paulo, n. 311, s/p, 2017.

BAGDONAS, A.; AZEVEDO, H. L. O Projeto de Lei “Escola sem Partido” e o Ensino de Ciências. ALEXANDRIA: R. Educ. Ci. Tec., Florianópolis, v. 10, n. 2, p. 259-277, nov., 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 29 set. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 ago. 2019.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n. 246, de 04 de fevereiro de 2019. Institui o Programa Escola sem Partido. Brasília, DF, 04 fev. 2019. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2190752. Acesso em: 20 set. 2019.

BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: PCN Ensino Fundamental. Brasília: MEC, SEMTEC, 1997.

CARVALHO, F. A. Quando a exceção torna-se regra totalitária: o cruzamento do movimento Escola sem Partido com a persecução aos estudos de gênero e à educação para as sexualidades. Revista Educação e Linguagens, Campo Mourão, v.8, n. 14, s/p, 2019.

CARVALHO, F. A.; BERTOLLI-FILHO, C. Sexualidade e educação sexual: enunciações e dispositivos nos contextos de ensino de ciências. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS, 8., 2011, Campinas (SP). Anais... Campinas: ABRAPEC/NUTES/UNICAMP, 2011, p. 1-10.

CARVALHO, F. A.; POLIZEL, A. L.; MAIO, E. R. Uma escola sem partido: dicursividade, currículos e movimentos sociais. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 37, n. 2, p. 193-210, jul./dez. 2016.

DEMIER, F. Depois do golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2017.

ESCOLA SEM PARTIDO. 2019. Disponível em: http://www.escolasempartido.org. Acesso em: 19 ago. 2019.

GAZETA DO POVO. O “Roubo” em Noronha e mais 5 polêmicas ambientais do governo Bolsonaro. 2019. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/polemicas-governo-jair-bolsonaro-ricardo-salles-meio-ambiente/. Acesso em: 20 set. 2019.

JUNQUEIRA, R. D. “Ideologia de gênero”: a gênese de uma categoria política reacionária – ou: a promoção dos direitos humanos se tornou uma “ameaça à família natural”? In: RIBEIRO, P. R. C; MAGALHÃES, J. C. (org.). Debates contemporâneos sobre educação para a sexualidade. Rio Grande: Editora da Furg, 2017. p. 25-52.

LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

MAIO, E. (org). Gênero e Sexualidade: Interfaces Educativas. Curitiba: Appris, 2018.

MIGUEL, L. F. Da “doutrinação marxista” à "ideologia de gênero": Escola Sem Partido e as leis da mordaça no parlamento Brasileiro. Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 7, n. 15, p. 590-62, 2016.

PENA, S. D. J.; BIRCHAL, T. S. A inexistência biológica versus a existência social de raças humanas: pode a ciência instruir o etos social. Revista USP, São Paulo, n. 68, p. 10-21, 2006.

REDE BRASIL ATUAL. Governo Bolsonaro libera mais 63 agrotóxicos; 15 extremamente tóxicos. 2019. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2019/09/bolsonaro-mais-63-agrotoxicos/. Acesso em: 20 set. 2019.

REIS, T. A “ideologia” de gênero, a equidade e os planos de educação. 2015. Disponível em: http://www.anped.org.br/news/a-ideologia-de-genero-a-equidade-e-os-planos-de-educacao. Acesso em: 20 set. 2019.

SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 21. jul./dez. 1995.

SELLES, S. E. A polêmica instituída entre ensino de evolução e criacionismo: dimensões do público e do privado no avanço do neoconservadorismo. Ciência & Educação, Bauru, v. 22, n. 4, p. 831-835, 2016.

SILVA, E. et al. A “ideologia de gênero” e a “Escola sem Partido”: Faces de uma mesma moeda em ações políticas conservadoras no Brasil e no Espírito Santo. Revista Inter Ação, Goiânia, v. 43, n. 3, p. 615-631, 2018.

SILVEIRA, Z. S. Onda conservadora: o emergente movimento Escola sem Partido. In: BATISTA, E. L.; ORSO, P. J.; LUCENA, C. (org.). Escola sem partido ou a escola da mordaça e do partido único a serviço do capital. Uberlândia: Navegando Publicações, 2019. p. 26-37.

SOUZA, A L. S. et al. A ideologia do movimento Escola sem Partido: 20 autores desmontam o discurso. São Paulo: Ação Educativa, 2016.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Downloads

Publicado

28-12-2019

Como Citar

SANTOS, M. S. B.; CARVALHO, F. A. de. A política do movimento escola sem partido e seus impactos nos conteúdos de ciências e biologia na Educação Básica. Revista Brasileira de Educação em Ciências e Educação Matemática, [S. l.], v. 3, n. 3, p. 714–738, 2019. DOI: 10.33238/ReBECEM.2019.v.3.n.3.23389. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/rebecem/article/view/23389. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Estudos